Diante de uma boca
pequena ouvi as frases malditas dizendo “socorro”. No silêncio de um quarto, no
canto de um sofá, na miséria do silêncio, calada, surda, desesperada a criança
gritava e no seu silencioso grito calei-me também acreditando que Deus iria
socorrê-la, pois eu não podia... Ou poderia?
Sim, poderia. Eu
poderia não me calar. Eu poderia ensina-la a não se calar. Eu poderia evitar.
Eu... Sim, se EU quisesse.
Diante de milhares, e
eu não digo ‘diante de alguns números’, digo, diante de milhares de vítimas da
violência sexual infantil, juvenil, Eu, pai, mãe, irmão, amigo,
amiga, vizinho, professor, cidadão de bem, muitas vezes me calo. Por quê? O
dito hoje em dia “não me meto onde não sou chamado” é um dos motivos maiores do
calar-se diante da injustiça, diante do terror, diante da miséria que é a vida
de alguns inocentes. Quem cala consente. Quem não denuncia, participa
indiretamente no acontecido.
Esta semana uma
notícia me chocou como tantas outras nos chocam, esta é apenas mais uma a nos
chocar, mas que foi por calar que ela aconteceu, foi por silenciar a vítima e
somente esta pode ser chamada de vítima, uma criança, mais uma criança, uma
cidade do interior, como tantas outras interioranas, como tantas outras vítimas
em que a população, a vizinhança, os parentes, os amigos, a escola, o Conselho
Tutelar e tantos outros sabem e não expõem o acontecido.
Uma criança, uma
vítima do descaso, engravida, com 11 anos de idade torna-se mãe. E que mãe esta
seria? Uma mãe que terá marcas para o resto da vida do silêncio de todos!
Porque não se espera que uma criança de 10, 11 anos tenha a noção de falar se
não é ensinada a fazer isso!
A lei de proteção à
criança e adolescente, o ECA, foi criado em 13 de julho de 1990, e tem como objetivo principal
proteger a integridade de crianças e jovens entre zero e 18 anos. Toda ação
cometida por jovens dentro dessa faixa etária são julgadas pela Lei do
Estatuto. Em outubro de
2003 alguns dos artigos do ECA sofreram alterações, como: a ampliação de penas
para crimes cometidos contra menores de 18 anos, a exigência de maiores
cuidados na utilização e publicação de fotografias por qualquer meio de
comunicação, inclusive pela Internet e a proibição da divulgação de nome, sobrenome,
referência, apelido, fotografia, filiação, parentesco e residência do
adolescente a que se atribui o ato infracional.
Bem, diante desse
fato, o que podemos dizer a respeito dos direitos a criança e adolescente se
pouco vemos ação da parte dos responsáveis pela lei e diante da negligencia da
população? Pois os atos de abusos, não só sexuais, mas de todo o tipo, pela
internet vemos aí muitos sites, páginas, blogs, fotos de menores sendo abusado
e até ao vivo. Onde está essa lei em ação que não vejo? Onde está as restrições
dos sites nas postagens? Qualquer um pode ver, qualquer menor, maior, cidadão,
marginal pode ver fotos, vídeos, postagens de abusos na internet, revistas!
Para parar isso
basta apenas discarmos [100] para denunciar
anonimamente abusos contra crianças, adolescentes, etc., e assim mesmo nos
calamos?
A ligação para o
número 100 é gratuita de qualquer tipo de telefone. Quem disca 100, encontra do
outro lado da linha uma pessoa preparada para ouvir.
A central do Disque
100 fica em Brasília. O anonimato protege quem faz e quem recebe a
denúncia.
Então vamos por a
nossa mão na consciência e pensarmos que a próxima vítima pode estar ali ao
nosso lado, as crianças são o futuro de nosso país e que país é esse que quer
ser dirigido, criado, seguido por adultos transformados no seu caráter?
Vamos mudar a cara do Brasil de verdade, vamos mudar nosso conceito de vida, o
conceito da liberdade, o conceito de igualdade, o conceito de marginalidade.
Quando mudarmos o nosso modo de pensar, de agir e lidar com o que acontece ao
nosso lado, quando mudarmos essa nossa atitude de falar em vez de calar é que
aí sim nos tornaremos participantes de um país que quer mudar de verdade!
Não se cale,
denuncie! Disque 100 para salvar a próxima vítima!
Eu teria muito a
falar sobre isso, mas diante de tantos fatos eu deixo na consciência de cada
leitor desse blog a pergunta: até quando você ficará indiferente diante dessa
situação? Olhe para o lado, será que sua criança está segura? Reflita!
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